Xamanismo


O QUE É XAMANISMO?
Léo Artése

A BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO
Religião da Idade da Pedra
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No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas :

  • A Busca por estados Alterados de Consciência, Vôo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática
  • A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este vôo mágico é um dos fundamentos do xamanismo
  • Viagem por mundos paralelos ( Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária a fim de guiar espíritos e obter conhecimento espiritual.
  • O xamã atua como canal de cura. Tem conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.
  • Devoção à Criação, Sol, Lua, Estrelas. Reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo
  • Interação com espíritos da natureza
  • Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc)
  • Conhecimento sobre o fogo
  • Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas)
  • Canções de Poder
  • Danças
  • Respiratórios e dietas
  • Contação de histórias, preleições.
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  • A Terra é relacionada com o corpo físico e com as sensações.
  • A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos.
  • O ar é relacionado com a mente e aos pensamentos e idéias.
  • O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspirarão.


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Atualmente quando a maioria das pessoas ouvem a palavra xamanismo pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelança se estão no Brasil. Sempre considerado como um programa de índio.
O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena. É certo que os indígenas foram os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da Medicina da Terra mas as práticas se originaram no homem primitivo, no paleolítico.
A palavra tem origem siberiana e não americana e é usada hoje como uma forma única para descrever as práticas no mundo todo. Ou seja, as práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras.
A palavra xamanismo foi criada por antropólogos (ver em xamã) para definir um conjunto de crenças ancestrais. Para mim é um caminho de conhecimento. Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões.
As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Também na África, entre os povos aborígines da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Patagonia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, ou seja, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões. 

Piers Viebsky em "O xamã", cita que em 1991 foi encontrado o corpo mumificado de um homem preservado sob as neves dos Alpes Austríacos. Foi apanhado por um temporal ao cruzar um desfiladeiro da montanha há cerca de cinco mil anos. Poderia ser de um pastor (de ovelhas) mas as tatuagens na pele, um disco de pedra numa correia e alguns musgos secos medicinais encontrados em sua posse permite a suposição de que era um xamã numa viagem ritual.
Muito antes de ter sido descoberto esse "homem do gelo", no princípio do sec. XX, foram encontradas pinturas rupestres pré-históricas, no Sul da França, de figuras semi-humanas, semi-animais entre animais comuns, que foram consideradas como representando xamãs e que conduziram a suposição de que o xamanismo foi a religião humana original e primordial.
Numa das gravuras um homem com o falo ereto está deitado ao lado de um bisonte com uma cabeça de pássaro ao seu lado; o próprio homem parece ter a cabeça de pássaro e presume-se que a gravura represente um xamã em transe. Essa interpretação foi popularizada na década de 60 por Lommel num livro profusamente ilustrado, Shamanism:The Beginnings Of The Art.
A figura da gruta de Les Trois Frères nos Pirineus franceses que foi chamada de Feiticeiro Dançador, é considerada por alguns estudiosos como representando um xamã. Uma criatura masculina vista de perfil olha de frente para quem a contempla com os seus olhos muito redondos. Todas as partes da sua anatomia parecem pertencer a um determinado animal: orelhas de lobo, chifres de veado, rabo de cavalo e patas de urso. E no entanto o efeito geral é notoriamente humano. Outra interpretação possível é a de que represente um espírito Senhor dos Animais personificando simultaneamente a essência de todas as espécies.
O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc.). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.
Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; Oceania, Austrália, no sudeste asiático, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico. Faz pensar que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.
Sintetizando, o xamanismo é a "Jornada da Consciência", um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo.
No sentido do "religare" pode ser considerada uma religião, mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais e que possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.
Na essência são práticas religiosas. O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças.
O xamã é sempre uma figura dominante e não um santo,avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, natureza e a comunidade.
A Medicina da Terra é derivada de conhecimentos medicinais passados pelos ancestrais que são honrados por aqueles que recebem a iniciação. O clichê mais ultrapassado é aquele em que o iniciado tenta matar simbolicamente seu iniciador ao invés de honrá-lo. Isso é enfraquecer a raiz pela qual ele foi formado, uma auto-sabotagem espiritual. O entendimento disso faz com que o discipulado crie conscientemente um movimento de afinidade que traz harmonia no resultado.
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O "conhecimento" é para todos mas "sabedoria" é para alguns. Por isso acho importante a divulgação do conhecimento e aplicação prática dele pois existe ainda uma minoria que se transforma. É como um garimpo! Entre esses buscadores do conhecimento sempre sai uma pepita de ouro que vai fazer o mundo mais brilhante. Por essas pepitas vale a pena. O coração do verdadeiro iniciado tem que se confortar com isso pois sempre é a minoria. Por outro lado existe um outro fenômeno, algumas pessoas lançam-se à determinadas práticas sem o devido conhecimento e sem as "bênçãos espirituais", ou seja: ação sem conhecimento. O que pode ser problemático.
Muitos iniciam a caminhada mas poucos atingem as maiores alturas. Este conhecimento não está limitado aos iluminados, é disponível para todos nós dependendo da sinceridade e humildade com que buscamos. Sabedoria xamânica é sabedoria da Mãe Terra e, a cada filho dela, é dado um presente, algum talento especial.
O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura, ensina o que é necessário para o bem da comunidade.Isto significa freqüentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.
O xamanismo aparece como um reflexo de um Grande Espírito que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos e outras manifestações da natureza que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.
O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã enfrentou suas sombras e venceu seus medos da insanidade, solidão, orgulho, vaidade, vícios, doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso, escolhe tornar-se curador curado, auxiliador, visionário, à serviço das pessoas.

O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade tem como base em suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência e obter resposta em mundos paralelos, prática do amor incondicional . Suas práticas estabelecem contato com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranqüilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual.
A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia. No xamanismo praticado na atualidade estudamos os talentos elementais:
O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão de que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante e provém do desenvolvimento de seus próprios dons. Inspirados na sabedoria dos povos ancestrais temos o desafio de resgatar o conhecimento acumulado nas práticas xamânicas das diversas tradições do planeta para os dias atuais. Assim, pretendemos contribuir para a saúde, autoconhecimento e o bem-estar geral do nosso povo e resgatar valores para uma vida mais harmônica e ecológicamente correta.
Os ancestrais xamânicos viviam em harmonia e equilíbrio com todos os seres, pedras, plantas, animais, pássaros, peixes e até insetos.Para garantir sua sobrevivência em ambiente hostil os homens primitivos interpretavam os sinais e as mudanças da natureza a seu redor. Viviam de acordo com os ciclos do Sol e da Lua, das mudanças das estações, manifestações da natureza, vento, chuva, etc.
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Os caminhos do xamanismo são espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados de consciência, de realidades não-ordinárias Os estados alterados de consciência não envolvem apenas o transe e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, promover curas, oráculos.
Os estados alterados de consciência incluem vários graus. Stanley Kryppner chega a classificar vinte estados diferentes de consciência. Elíade fala do êxtase, Castañeda fala do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supraconsciência, etc.,também são nomes para a mesma manifestação.
São através desses estados que conseguimos conexão com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a percepção para mistérios que estão guardados em nós mesmos. Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Através da consciência ordinária não conseguimos alcançar níveis profundos do nosso ser. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder (enteógenos), respirações, posturas corporais, e outros.
Através desses estados especiais alcança-se uma experiência divina, acessa-se uma fonte de Sabedoria Superior, podemos curar nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.
Aprende-se as influências e forças da Terra e como as energias naturais afetam a vida. Tudo na natureza cresce e muda. É um ciclo. Os povos antigos consideravam a viagem circular da Terra ao redor do Sol, uma roda, representando o eterno ciclo de nascimento e desabrochar, crescimento e florescimento, maturidade e frutificação, envelhecimento e decadência, morte e decomposição e novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.
Os nativos reconhecem o círculo como o principal símbolo para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos que é um círculo. A Terra, a Lua, o Sol, os planetas; são todos circulares. O nascer e o por do Sol acompanham um movimento circular. As estações formam um círculo. Os pássaros constroem ninhos em círculos, animais marcam seus territórios em círculos. As cabanas, ocas, tipis são circulares.
O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas "Forças Verdadeira acessadas desde o princípio na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos sentí-las atuando em todos os momentos das cerimônias.
Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida, nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.
As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante. As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Atualmente muitos vivem com uma sensação de separação, isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um "microcosmo", que somos parte de "algo maior", que somos filhos da Terra, parte de uma Terra Viva.
Harmonia - Amor - Paz e Luz



O XAMÃ
Léo Artése
O xamã, não se autoproclama. Ele é chamado para suas tarefas espirituais, passa por treinamentos e então é reconhecido pelas pessoas de sua comunidade.

Nos primórdios da humanidade, os seres humanos, sentiam-se frágeis perante as forças da natureza e temiam aqueles que não pertenciam aos seus clãs, animais, etc.
Para suprir essas carências, surge o xamã como um "organizador do caos" para despertar a consciência. Assim eles recorriam àquele que era concebido como um guerreiro que atuava com armas espirituais, que faziam a ponte entre o mundo dos homens e espíritos.
A palavra xamã tem sua raiz na Sibéria, vinda da palavra "saman", aparentado com o termo sânscrito "sramana" que significa: inspirado pelos espíritos.
O xamã pode ser homem ou mulher.
O termo xamã foi adotado, pela antropologia, para se referir a pessoas de uma grande variedade de culturas não ocidentais, que antes eram conhecidas como : bruxo, feiticeiro, curandeiro, mago, mágico, vidente, sacerdote, pajé, homem da medicina, o terapeuta, o conselheiro, o contador de estórias, o líder espiritual e outros.
Defini-se o xamanismo como um conjunto de crenças ancestrais que estabelecem contato com uma realidade oculta, ou estados especiais (alterados) de consciência, a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio saúde para si mesmo e para as pessoas
O xamã, não se autoproclama. Ele é chamado para suas tarefas espirituais, passa por treinamentos e então é reconhecido pelas pessoas de sua comunidade. A iniciação tem um fundamento nas bênçãos recebidas pelos instrutores que passam uma espécie de "autorização espiritual" para conduzir cerimônias. Isso é honrar o conhecimento e não usurpar, e nem banalizar o processo de iniciação espiritual. Trata-se de um sacerdócio. É uma missão de utilidade pública.
Parte-se de um princípio que neste mundo nada é dado de presente, tem que ser aprendido. Tudo é troca. Aquele que tem por destino ser xamã experimenta um certo mal estar, um certo tédio pela vida, tédio de viver num mundo demasiadamente seguro, sensibilidade voltada para o misticismo e para as forças do inconsciente.
Sua vocação é demonstrada por perturbações no comportamento ( loucura controlada), vem também por transmissão hereditária, por decisão pessoal onde passa por provas (jejuns, recolhimentos, sacrifícios corporais...) ou é eleito pelo clã. Iniciado pelos espíritos tem uma vivencia de morte simbólica para posterior ressureição. Permanece dias em locais isolados sem falar, comer, e, quase sem respirar. Geralmente conta em suas provas, ao regressar de sua viagens que seus ossos foram arrancados, sua carne raspada, tem a cabeça decepada, isto é o coma iniciático. Ele deve morrer em seu corpo terrestre para renascer em corpo astral. Esqueletos de pessoas, pássaros ou animais, são alguns dos ornamentos dos siberianos. Simboliza o tempo do nascimento do xamã - meio homem - meio animal.
Muitas iniciações também envolvem atravesssar brasas ( Manchus), nadar sobre o gelo, beber sangue (goldos). Entre os Iacutes, no alto de uma montanha, com o mestre no território das doenças, ensina-se a reconhecer a doença e curá-las. Para cada parte do corpo ele cospé na boca do outro, que deve engolir o seu cuspe para diagnosticar a doença. Os Buriatas faziam a purificação pela água (batismo) com plantas aromáticas e algumas gotas de sangue de bode, para invocar os ancestrais. imgSegundo Mircea Eliade uma pessoa torna-se xamã por:
1) vocação espontânea (chamamento ou eleição)
2) transmissão hereditária da profissão xamânica
3) por decisão pessoal ou, mais raramente pela vontade do clã.
Mas independentemente do método de seleção, um xamã só é reconhecido como tal no fim de uma dupla instrução:
1) de ordem extática (sonhos, visões, transes, etc.) e
2) de ordem tradicional (técnicas xamânicas, nomes e funções dos espíritos, mitologia e genealogia do clã, linguagem secreta, etc.). É sobretudo a síndrome da vocação mística que nos interessa. O futuro xamã singulariza-se por um comportamento estranho; procura a solidão, torna-se sonhador, adora vaguear nos bosques ou lugares desertos, tem visões, canta durante o sono, etc
Faziam também parte das iniciações o calor (tenda do suor) e com plantas de poder, que proporcionavam o arrebatamento místico, viagens astris etc. Parte-se de um princípio que neste mundo nada é dado de presente, tem que ser aprendido.Aquele que tem por destino ser xamã experimenta um certo mal estar, um certo tédio pela vida, tédio de viver num mundo demasiadamente seguro, sensibilidade voltada para o misticismo e para as forças do inconsciente.
Trata-se de um sacerdócio. Muitas pessoas querem ser xamãs sem conhecerem as obrigações inerentes a essa função, a entrega. É uma missão de utilidade pública. Várias pessoas se denominam, mas o que determina é o trabalho espiritual. Tem gente que se denomina ator político, técnico de futebol, terapeuta, professor. Tem gente que se denomina espiritualista. Tem gente que se denomina Pai-de-Santo. Enfim, no xamanismo também!
Atualmente existem muitas pessoas que se autodenominam xamãs, que no final das contas aprenderam alguns conceitos, mas nunca foram numa floresta, nunca foram a estados profundos de consciência, não estão inseridos numa comunidade espiritual, mas estão dando aulas.
É uma iniciação séria e não uma prática que se aprende em um final de semana. Um xamã transformou a sua vida, conseguiu a sua cura através de profundos processos de morte e renascimento, lidou com perdas, enfrentou entidades, enfrentou sua própria sombra, e obteve o conhecimento essencial e o reconhecimento de seus instrutores para poder compartilhar com os outros. Lembro também que xamanismo não é só praticas de rituais e cerimônias, e sim uma forma de vida, uma nova visão do mundo, que se aplica, primeiramente no condutor.

São anos de preparação. Está além dos rituais é um jeito de viver .Ser um xamã é abraçar um sacerdócio, não é um trabalho somente terapêutico, é uma caridade de alto risco, é assumir uma responsabilidade com o Universo de viver em harmonia com a natureza, de ajudar o próximo, de transformar o ambiente em que vive, de ser aparelho de transformações nas pessoas que dele se aproximam. Uma mudança radical, profunda, verdadeira. Ser xamã não é uma profissão, é um dom.
Ninguém, entretanto, precisa ser um xamã para praticar xamanismo. Você pode ir à missa, sem se tornar um padre. Ser xamã Implica em iniciações e transformações de profundo significado que visam preparar o aprendiz para ajudar o próximo, e passar a sua vida nisso. Não são todos os que estão preparados para abrirem suas vidas para se dedicarem verdadeiramente ao outro. Não se aprende a ser xamã em salões de espaços esotéricos. Neles você encontrará as práticas xamânicas, que lhe colocarão em contato com a egrégora, isto, se o condutor for realmente um iniciado e não um oportunista que nunca se entregou a processos de morte e transformação e só fez o caminho das flores sem tocar nos espinhos. No xamanismo também aprendemos a lidar com o Mundo da ilusão.
Perante a sociedade atual em que vivemos é a mesma coisa. Não basta ter conhecimentos médicos, se a sociedade não dá um diploma não é possível exercer a medicina de forma legal. Não basta ter conhecimento sobre as emoções, se não receber um diploma, ou melhor, se não há uma formatura, é possível ser conselheiro, mas não psicólogo ou psiquiatra. Tudo que é sério requer um ritual de passagem, uma iniciação.
Os xamãs carregam o conhecimento espiritual e da vida, passados oralmente, lembrando a sabedoria dos antepassados. Eles conduzem os ritos de passagem, encorajam a comunidade para enfrentar os desafios, aglutinam a consciência comunitária, criando uma identidade grupal. O xamã é um especialista do Sagrado. Ele é capaz de mover-se entre os diversos estados de consciência. O xamã é uma pessoa que trabalha em Estado Alterado de Consciência ( estado extático, transe, estado transcendente - onde a pessoa percebe uma "realidade incomum".) e deve conhecer os métodos básicos para realizar esse trabalho. Os xamãs são grandes conhecedores da floresta e das propriedades das plantas .
O xamã é o especialista do invisível.




Limpeza Xamânica



As limpezas xamânicas tem por objetivo curar, purificar, renovar e equilibrar nosso corpo físico, mental e espiritual, bem como, o próprio ambiente onde é feita, conectando-nos aos planos mais sutis da natureza. 
 A limpeza xamânica divide-se em quatro etapas:  
- Preparação
- Purificação
- Consagração
- Preservação

Preparação:

Você deve ter uma intenção clara, um propósito:
- Qual o seu objetivo geral?
- Quais as suas intenções específicas?
- Qual o seu propósito?

Após defini-los, escreva e confirme seus objetivos.

Exemplo:
1. Intenção geral: casa próspera e tranqüila.
2. Intenção especifica: harmonia nas relações familiares; prosperidade para os moradores; outras intenções dos demais moradores ou cômodos da casa.
3. Propósito: prosperidade e harmonia constante.
Purificação:

Maneira de desbloquear e energizar os pontos do aposento onde a energia estagnou. A energia estagnada está nos cantos da casa e onde há a doenças, pensamentos negativos e emanações de objetos não adequados ao local.

Dica: Comece por instrumentos mais potentes e depois use os mais refinados à medida que for limpando. Faça a limpeza sempre no sentido anti-horário.

1. Solicite assistência e orações de seus Guias, do Grande Espírito, dos Deuses. Imagine um tubo de luz branco envolvendo todo seu ser e protegendo-o.

2. Antes de limpar, deixe que o ambiente transmita sua mensagem.

3. Na entrada da casa, mentalize o objetivo e ao entrar fique no centro do cômodo e mentalmente diga a intenção e irradie pelo ambiente.

4. Respire profundamente. Sinta a energia fluindo entre suas mãos.

5. Circule no aposento iniciando pelo Norte (pelo costume celta começamos por este quadrante) com o pêndulo na mão esquerda verifique a energia e, com a mão direita, limpe o local com um sino, chocalho, pena, incenso, sálvia, água... Use as correlações com os quatro elementos.

6. Continue circulando e à medida que a energia se torna mais leve, utilize os instrumentos mais refinados. Dê bastante atenção aos nichos, armários e cantos. Quando o cômodo estiver limpo você perceberá as cores mais brilhantes, sons mais claros, respiração fácil e sensação de leveza.

7. Ao final da limpeza, sacuda o corpo, respire fundo e com tempo diminua o ritmo dos movimentos ate parar e fique aberta a energia que circula no seu corpo.
Consagração:
Invocação da energia para dentro da casa. Podem ser usados os mesmo instrumentos mais com objetivos diferentes.

1. Invoque os elementais para trazerem a energia do propósito ao local. Seja específico ao tipo de energia que deseja.

2. Expanda a aura. Para casa toda, invoque o objetivo geral e para cada cômodo, os objetivos específicos. Mantenha todas as portas e janelas abertas. Utilize os instrumentos no sentido horário percorrendo toda a casa, abençoando.

3. Ao terminar faça uma oração de agradecimento.

Preservação:

Para manter e assegurar os campos de energia invocados os protetores e energizadores do lar:

1. Cristais: drusas, quartzo fume, turmalina negra, ametista para proteção do ambiente.

2. Totens: use o seu animal de poder como protetor do ambiente.

3. Preces: as preces ou mantras sutilizam a freqüência do ambiente, aumentando o padrão energético.

4. Objetos sagrados: objetos religiosos e outros que você considera sagrado podem estar espalhado em alguns pontos da casa.

5. Objetos feitos à mão: artesanatos feitos por pessoas com boa energia e consagrados.

6. Objetos naturais: objetos que representam os elementos como: conchas, pedras, plantas etc.

7. Lembre-se de imantar e consagrar os objetos com a energia do seu propósito.
Preparação física e espiritual para a limpeza:

- Dia anterior à limpeza:
Decida os métodos que utilizará.
Faça uma faxina geral na casa.

- Noite anterior:
Opte por uma comida leve ou jejum.
Prepare os utensílios que vai usar defumando-os ou expondo-os ao Sol.
Purifique também as roupas que vai usar.
Antes de dormir, peça ao Grande Espírito, que o prepare em seus sonhos para atuar na limpeza.

- No dia da limpeza:
(ao nascer do sol, início da manhã)
Medite pedindo auxílio aos seus guias pessoais.
Visualize cada cômodo limpo e purificado, a cerimônia concluída e a casa radiante e luminosa.
Tome banho de ervas.
Vista uma roupa adequada e fique descalça.
Estique cada parte do corpo, deixando que a energia circule.
Beba um copo de água energizada.
Limpezas rápidas:

Ar: 1 sino grande e 1 incenso.
Água: Água energizada com cristal
Cristais: turmalina negra, quartzo fume, olho de tigre, ônix
Fogo: 1 vela
Terra: Sal grosso
Procedimento: Acenda a vela com uma prece, espalhe o sal pelo chão, use o sino no sentido anti-horário. Termine borrifando a água no sentido horário.
Estimulando e invocando energia:

Ar: Penas, tambor, chocalho.
Água: Água da fonte ou energizada para espargir.
Fogo: Incenso de sálvia
Terra: Sal grosso
Procedimento: Coloque sal em cada canto com uma prece e defume a sálvia com a pena, no sentido anti-horário. Toque o tambor, chocalho ou sino e borrife a água no sentido horário.
Criando um templo de luz e proteção:

Ar: uma pena
Água: água lunarizada da lua cheia.
Fogo: velas brancas
Terra: 4 cristais brancos
Procedimento: Acenda a vela, limpe o espaço com a pena (no sentido anti-horário) coloque os cristais nos 4 cômodos da casa para criar uma pirâmide etérea. Borrife com a água da lua cheia.
Limpeza sem acessórios: 

Faça uma faxina. Abra portas e janelas. Tire fotos e pinturas tristes. Livre-se de objetos que não usa mais, plantas mortas e objetos quebrados. Acenda uma vela, use incenso e ande pela casa no sentido anti-horário, se preferir use a mão para fazer a limpeza. Jogue sal nos cantos (anti-horário). Coloque uma música tranqüila e depois no sentido horário borrife um aroma ou perfume suave pela casa. Coloque flores frescas. Encerre fazendo uma prece e visualizando toda a casa iluminada.

Periodicidade da limpeza:

Toda a casa: 1 a 2 vezes por ano no mínimo. Preferencialmente duas semanas antes do solstício da primavera. Limpeza leve: 1 vez por mês, quando desejar mudar algo na sua vida, depois de uma doença ou sofrimento, depois de hóspede difícil ou experiência negativa no ambiente ou caso sinta-se sempre cansado e esgotado.

Acessórios de apoio:

- Pêndulo.
- Penas de águia, gavião, arara.
- Sálvia para defumar.
- Incenso de lavanda.
- Sal grosso, Carvão, Alho.
- Água do mar, água da fonte, água de rosas, água de flor de laranjeira.
- Tintura de ervas.
- Aromatizador de ambiente especifico.
- Chocalho, Tambor, Sinos.
- Bambu, Cristais, Velas.
- Ervas como: sálvia, arruda, manjericão e louro.
Fonte bibliográfica:
Adaptação do livro
Espaço Sagrado de Denise Linn


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